Contextualizando
Os anos 2000 vinham com tudo.
D&D lançava sua versão 3.5 em um cenário confuso para o RPG, que dava passos cada vez maiores dentro do mercado digital que crescia rapidamente.
Foi neste mundo em transformação analógica para digital que a Wizards of the Coast fez sua maior e mais arriscada jogada no RPG até então:
O SRD (System Reference Document) e a OGL (Open Game License).
E essas duas siglas definiram uma era.
SRD era um manual com todas as regras básicas do D&D 3.5, sem qualquer referência a cenários, personagens ou contextualização, apenas sua parte mecânica e totalmente gratuita.
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OGL, por sua vez, era um registro que permitia o uso do SRD lançado de forma livre e comercial por qualquer um.
Isso mesmo, a partir daquele momento qualquer pessoa ou empresa poderia usar a base do RPG mais famoso do mundo para criar e vender seu próprio jogo sem conexão com a Wizards, sua proprietária.
De um dia pro outro o mercado de RPG falou uma só língua e adaptações, cenários e sistemas surgiram baseados no sistema d20 de Dungeons & Dragons buscando pegar parte daquele mercado e da enorme quantidade de fãs assíduos por novidades.
Os anos passaram e em 2008 uma nova edição de D&D foi lançada trazendo grandes mudanças e insatisfação.
Em agosto de 2009, Pathfinder surgiu adaptando e expandindo as regras do 3.5 puxando para si uma enorme quantidade de fãs que sentiam-se abandonados pela Wizards.
Chamado por alguns de “D&D 3.75”, Pathfinder cresceu rapidamente e até hoje, em sua segunda edição, é um dos maiores concorrentes à hegemonia de Dungeons & Dragons nos pódios de RPG mais famoso do mundo.
Mas seria o novo capaz de superar o velho? Seria uma “cópia” capaz de melhorar o original ao ponto de ultrapassá-lo?
Hoje vamos analisar detalhes sobre D&D 5e e Pathfinder 2e, um confronto de titãs do mercado rpgista com origens similares, mas caminhos completamente diferentes.
Preparem-se e vamos pro combate!
Os concorrentes
D&D 5e é a versão mais nova de Dungeons & Dragons, lançado em 2014 pela Wizards of the Coast com o peso de gerações em suas costas, sendo herdeiro do legado do RPG que iniciou o hobby como conhecemos.
Pathfinder surgiu como um reflexo do desânimo trazido pela quarta edição de D&D e pela quantidade massiva de fãs da edição 3.5 que ainda desejavam jogá-la, criando uma versão atualizada e expandida daquelas regras.
Sua versão mais atual, a Pathfinder 2e que será analisada nesse artigo seguiu seus próprios passos a partir da OSR 3.5, com inovações mecânicas e conceituais que finalmente deram uma personalidade própria ao jogo e um grupo cativo de fãs.
1º ROUND: Arte e Diagramação
Ambos os livros investem pesado nesses quesitos, chamando atenção por suas múltiplas artes internas, adornos e diagramação eficiente, cada um para seu próprio propósito.
As artes de D&D são mais clássicas para fantasia medieval, enquanto Pathfinder aposta em uma visão mais atualizada com traços mais dinâmicos, roupas estilizadas e um visual menos realista.
Em diagramação, Pathfinder lembra uma enciclopédia clássica com uma barra lateral indicando em qual parte do livro se está e com suas regras e inúmeros detalhes listados organizadamente conforme o tema do capítulo.
Já em D&D temos um ar mais limpo com o texto dividido em blocos e capítulos, além de uma boa quantidade de artes por página, nunca dando impressão de texto demais.
Resultado
Com um conjunto maior de artes, uma diagramação limpa e consistente sem tornar a leitura confusa ou maçante mesmo nas áreas com regras mais densas, D&D leva esse round.
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2º ROUND: Material lançado
Pathfinder 2e é um sistema mais novo, e por isso começa em desvantagem contra seu rival.
Até o momento conta com bestiários e poucos suplementos com regras adicionais para jogadores, todos muito bons e versáteis, além de diversos livros de aventuras e expansões dos cenários principais do sistema.
Já D&D 5e, ainda que não possua tanto material quanto seus antecessores, possui uma quantidade significativa de livros físicos e material digital oficial além de campanhas, livros de cenários, bestiários e muitos outros.
Resultado
D&D leva o round hoje especialmente pela quantidade e qualidade geral, ainda que no futuro Pathfinder possa superá-lo em ambos os níveis.
3º ROUND: Cenários
Não só de regras se vive um sistema, e se não há bons cenários para jogá-los, simplesmente não chamará atenção como deveria.
O principal cenário de Pathfinder é Gallarion, um mundo de fantasia medieval que se equipara com a própria Terra em muitos pontos de personagens e geografia.
Sua história sobre avanço de nações, um poderoso guia imortal que eleva a sociedade e, por fim, o desaparecimento deste e a população deixada à própria sorte criam histórias de fantasia, mas com um toque muito mais humano e pé no chão que o esperado.
Também vale a citação de sua contraparte futurista, o Starfinder. Um sistema e cenário próprio de alta tecnologia com literalmente planetas inteiros para se explorar.
Em D&D temos uma variedade enorme de cenários graças ao longo tempo que a franquia existe. Se universos clássicos como Forgotten Realms até mundos focados em terror ou cenários de magia escolar, todos dentro das mesmas bases e até conectáveis com algum esforço.
Por outro lado, muitos cenários de versões anteriores estão até hoje abandonados pelo sistema atual que, enquanto isso, decidiu focar em ambientes novos que os jogadores não necessariamente querem.
Resultado
Nesse Round Pathfinder leva por pouco, pois se mantém bem estruturado na fantasia de poder que definiu tendo variedade, mas sem perder o foco do que é bom em fazer e do que seu público deseja jogar.
4º ROUND: Fanbase e popularidade
D&D é para muitos o primeiro RPG criado, gerando uma disputa desleal nesse quesito, mas foquemos na quinta edição apenas.
Atualmente Dungeons & Dragons tem passado por transições perigosas com livros e escolhas empresariais que dividiram seu público (Veja mais sobre isso AQUI ) e isso está dividindo seu público e criando discussões por todos os fóruns do jogo a cada novo lançamento.
Enquanto isso, Pathfinder se mantém bem estruturado com um público menor, mas fiel. Inclusive, no Brasil, seus lançamentos com apoios coletivos são sempre bem vindos e finalizados com sucesso.
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Resultado
Pathfinder não teria chance se considerarmos o tamanho da fanbase, mas tamanho não é tudo e pela consistência e qualidade geral atual de seu público ele leva esse round.
5º ROUND: Regras
D&D segue a mesma base desde seu lançamento, um sistema focado em fantasia medieval com origem nos wargames e jogos de sobrevivência que lentamente se modernizou até o que conhecemos hoje.
A quinta edição de D&D é muito mais ágil que sua antecessora, resumido em poucas regras gerais que novatos aprendem facilmente, mas que requerem tempo e estudo para masterizar, especialmente se buscar personagens otimizados — o que é divertido, mas pode afastar ideias perderem poder comparado a fichas e combos famosos.
Atualmente estão surgindo novas regras que quebram o padrão de combos entre raça, classe e talentos que prometem tornar as mesas menos previsíveis e menos punitivas para quem busca um personagem diferente.
Já Pathfinder, em sua primeira edição, pegou o D&D 3.5 e otimizou o que os fãs buscavam como resposta à quarta edição que desagradou muitas pessoas. Contudo, em sua segunda edição, o jogo tomou seu próprio caminho com personalidade e mecânicas próprias bem diferentes do Dungeons & Dragons clássico.
Atualmente é um sistema de regras focado no uso de ações por turno e uma estrutura de criação de personagens maior e mais balanceada que D&D, ainda que mais complexa. Até jogadores experientes podem se assustar com a quantidade de habilidades, poderes e outros detalhes que um personagem tem nesse jogo já nos primeiros níveis, o que agrada um público, mas afasta outro.
Podemos dizer que quem busca a experiência mecânica de um bom RPG de fantasia que dá liberdade, mas ainda foca na estratégia tem Pathfinder 2e um aliado poderoso. Mas se busca um jogo mais leve e dinâmico, o D&D 5e ainda é um sistema estável, seguro e de fácil manutenção para experientes e novatos no hobby.
Resultado
Ambos os sistemas, ainda que com a mesma origem, tomaram rumos similares mas fundamentalmente diferentes sem perder qualidade, e por isso merecem o empate neste round!
Resultado do Combate
Em um difícil duelo, Dungeons & Dragons 5e e Pathfinder 2e empatam com 3 rounds cada e não, isso não foi planejado, mas faz todo sentido!
D&D é o RPG mais conhecido do mundo e sinônimo do hobby. Não é difícil encontrar jogadores fanáticos que jogaram apenas Dungeons & Dragons na vida e estão perfeitamente satisfeitos com isso.
Já Pathfinder, ainda que não tenha a mesma fanbase, fez um trabalho maravilhoso em sua segunda edição, com um sistema robusto e equilibrado que nas mãos certas é capaz de emular campanhas incríveis.
Desse modo, ainda que por pontos diferentes, ambos têm a mesma qualidade geral. São obras que merecem ser jogadas e que possuem um grande potencial pela frente, seja confirmando que ainda é um RPG relevante e atual ou que pode galgar os próprios passos sem se perder no caminho.
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Round Extra!
É claro que vocês não poderiam ficar fora desse combate.
Qual seu preferido, o bom e velho Dungeons & Dragons ou o novo clássico Pathfinder? Discordam de algum round ou tem sugestões? Vamos terminar esse debate nos comentários!
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